A cirurgia bariátrica é um dos tratamentos mais eficazes para a obesidade grave e suas complicações metabólicas. Além de promover perda de peso significativa, ela melhora doenças como diabetes tipo 2, hipertensão, apneia do sono e esteatose hepática. Mas, antes de tomar essa decisão, é fundamental entender o que realmente envolve esse procedimento.

1. A bariátrica não é estética — é um tratamento médico para obesidade

Muitas pessoas ainda pensam que a cirurgia bariátrica é uma “solução rápida” para perder peso. Na verdade, ela é indicação médica para casos de:

• IMC ≥ 40
• IMC ≥ 35 associado a doenças como diabetes, pressão alta, síndrome metabólica, apneia do sono
• Falha de tratamentos clínicos prévios

A bariátrica ajuda na perda de peso, claro, mas seu principal objetivo é controlar doenças crônicas e prolongar a expectativa e qualidade de vida.

2. O acompanhamento endocrinológico é fundamental antes e depois da cirurgia

A endocrinologia é parte central na jornada do paciente bariátrico. O endocrinologista atua em:

Avaliação pré-operatória

• investigação hormonal (tireoide, cortisol, resistência à insulina);
• diagnóstico de síndrome metabólica;
• controle do diabetes;
• avaliação de vitaminas e minerais.

Acompanhamento pós-operatório

• prevenção de deficiências nutricionais;
• ajuste de medicamentos;
• controle metabólico;
• prevenção do reganho de peso.

A cirurgia é apenas uma etapa — o acompanhamento clínico garante segurança e resultados duradouros.

3. A cirurgia bariátrica altera hormônios ligados à fome e saciedade

A perda de peso não acontece apenas pela redução do estômago. A bariátrica modifica a ação de importantes hormônios:

• Grelina (hormônio da fome) → diminui
• GLP-1 e PYY → aumentam, promovendo saciedade
• Melhora da sensibilidade à insulina

Essas mudanças favorecem:

• redução da fome,
• controle glicêmico,
• melhora do diabetes tipo 2,
• queda da resistência à insulina.

Por isso, muitos pacientes apresentam remissão do diabetes poucos dias após a cirurgia — mesmo antes da perda de peso significativa.

4. Vitaminas e minerais precisam ser monitorados por toda a vida

Durante o pós-operatório, especialmente em técnicas como Bypass, pode ocorrer má absorção de nutrientes. Entre as principais deficiências estão:

• ferro
• vitamina B12
• vitamina D
• cálcio
• ácido fólico
• zinco

A suplementação é obrigatória e deve ser orientada por equipe especializada.
Ignorar esse cuidado pode levar a:

• anemia,
• queda de cabelo,
• fraqueza,
• formigamentos,
• osteopenia ou osteoporose.

Cuidar do organismo é tão importante quanto perder peso.

5. A bariátrica exige mudança de estilo de vida para funcionar no longo prazo

A cirurgia é uma ferramenta poderosa, mas não atua sozinha. Para garantir que a perda de peso seja duradoura, o paciente precisa:

• comer devagar e mastigar bem
• priorizar proteínas
• evitar açúcar e ultraprocessados
• beber água ao longo do dia (longe das refeições)
• praticar atividade física
• manter acompanhamento com endocrinologista, psicólogo e nutricionista

O reganho de peso pode acontecer quando esses pilares são ignorados.

Conclusão

A cirurgia bariátrica é um procedimento seguro, eficaz e transformador — desde que realizada com indicação adequada e acompanhamento multidisciplinar.
Conhecer os benefícios, cuidados e limitações é o primeiro passo para uma decisão consciente e segura.

Se você está considerando a cirurgia ou tem dúvidas sobre obesidade e saúde metabólica, procure um endocrinologista.